Olá!

Gostou do Blog?

Quer receber atualizações?

Insira seu e-mail:

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A Massa é Sempre na Última Sexta do Mês

Mae West e o Inimigo

Dia desses, me falaram em usar a falha do inimigo ao meu favor, o que me levou a pensar em outra frase que já escutei muito: "Quando sou bom, eu sou muito bom, quando sou ruim sou melhor ainda"

Bem, sou um curioso e sempre gosto de saber a origem das expressões que escutamos por ai, e assim surge esta postagem.

Mae West, a autora da frase: "When I'm good, I'm very good, but when I'm bad, I'm better. ", foi uma atriz de cinema, teatro, televisão e rádio, além de escritora e símbolo sexual.


Quanto a história de se defender usando a falha do inimigo, vem da Arte da Guerra escrito por Sun Tzu por volta do ano 400 antes de Cristo, para um resumo do livro clique aqui.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Calha PET

Mais uma invenção do "Tipoalgo". Já postei aqui no blog, outras duas invenções dele, o forro com caixa de leite e a telha de garrafa pet.

Sou fã do Tipoalgo e suas invenções, para quem quiser ver outras coisas legais dele é só entrar no álbum de fotos do picasa dele

http://picasaweb.google.com/tipoalgo/Diversos#









Abaixo o vídeo com mais detalhes para a construção da calha, essa calha me lembrou a grana que gastei quanto tive que colocar uma calha na garagem!
O link é:
http://www.youtube.com/watch?v=nAG4jt8jGEY

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Brasil entra na campanha 10²³: homeopatia é feita de nada

Eu fico consternado em constatar que, em pleno século XXI, na era dos computadores, das células-tronco, da medicina nuclear e de todas as demais conquistas que o pensamento científico nos trouxe, pessoas com formação técnica especializada, como alguns médicos, ainda acreditem em acupuntura e homeopatia. O efeito de ambos não passa de um placebo. Este fato tem sido comprovado em todos os testes clínicos controlados desenvolvidos nos melhores e mais prestigiados centros de pesquisa médica dos países civilizados. A bibliografia é farta para quem se dispuser a pesquisá-la. A homeopatia, assim como outras pseudo-especialidades médicas, só cura as “doenças da alma”, que podem, de fato, ter reflexos sobre o corpo. Nada que uma boa conversa e uma mão amiga no ombro não resolvam. Os homeopatas brasileiros sabem disso. Mas não vão abrir mão de um negócio rentável, certo?


Brasil entra na campanha 10²³: homeopatia é feita de nada

Você talvez já tenha notado que anualmente, em alguns países do mundo, grupos de pessoas se dirigem a locais públicos e se submetem voluntariamente a "overdoses" de homeopatia -- emborcando de uma vez o conteúdo de frascos inteiros de medicamentos homeopáticos. Pois bem: neste ano, quem quiser brincar no Brasil também vai poder. O website brasileiro do movimento 10²³: Homeopatia é Feita de Nada entrou oficialmente no ar neste domingo, e a manifestação está marcada para o fim de semana de 5 e 6 de fevereiro. A "overdose" coletiva deve ocorrer às 10h23 da manhã, claro.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt75s75kuHB0t5fqlVwICgTDuHMVJD5HJ8hm1CcZZbvpUcdBuMiHrRy5yxpo8JgYyr3_0vtp7HVaUPGn4mhc7ZPsV0DKl13Qa_2l_a1UqF4I-tSnx7_AQV0AsNCofUZVRzpoQ08ujqrD5M/s1600/1023-Campaign-s-300x204.jpg


O objetivo da campanha é conscientizar as pessoas de que a esmagadora maioria das fórmulas homeopáticas não passa de puro veículo -- água, álcool ou, no caso das pílulas, lactose -- sem absolutamente nenhuma molécula de princípio ativo. Esse fato deriva diretamente da "Lei dos Infinitesimais" inventada (os homeopatas preferem "descoberta") pelo criador da homeopatia, Samuel Hahnemann. Segundo esse princípio, quanto mais diluída uma substância, mais potente se torna o preparado. Hahnemann acreditava que soluções extremamente diluídas de substâncias capazes de causar os sintomas de uma determinada doença tinham o poder de combater a doença. (Se a ideia lhe parece um pouco com a psicologia do feiticeiro vodu, para quem machucar um bonequinho que simboliza o inimigo machuca o inimigo -- com a substância causadora do sintoma no lugar do boneco e a doença, no lugar do inimigo -- não se trata de coincidência: ambos são exemplos de "magia simpática", onde uma semelhança, real ou simbólica, entre duas entidades é vista como sinal de que uma é capaz de afetar a outra. É um tipo de pensamento muito comum, que esta na base de toneladas de superstições.)

Em defesa de Hahnemann, é preciso dizer que quando ele teve sua iluminação, a existência de átomos e moléculas ainda não havia sido comprovada, e a doutrina do vitalismo -- a ideia de que as coisas, principalmente seres vivos, têm essências que podem estar presentes mesmo na ausência de qualquer vestígio material -- ainda era cientificamente respeitável. Hoje em dia, no entanto, sabemos que as substâncias da natureza são feitas de moléculas, e que a partir de um certo nível de diluição, simplesmente não há como restar nenhuma molécula de material em meio ao volume de solvente. Já o vitalismo virou nota de rodapé nos livros de história da ciência, junto com o geocentrismo e outras ideias que pareciam boas mas acabaram não funcionando. Se você fez ensino médio (ou colegial ou segundo grau, que é como esse negócio se chamava na minha época), é possível que se lembre de que a concentração de soluções costuma ser medida em moles por litro. Um litro é isso mesmo, um litro, e um mol é uma quantidade de moléculas: 6,022x10²³, para ser exato. (Essa notação representa o número 6.022 seguido de 20 zeros).

É do 10²³ do mol que vem o nome da campanha, por falar nisso.

Diluições homeopáticas costumam ser medidas numa escala denotada pelo numeral romano "C", de 100, onde cada ponto a mais -- 1C, 2C, 3C, etc. -- representa uma redução da concentração anterior a 1%. Assim, por exemplo, 5C tem 1% da concentração de 4C, que por sua vez já era apenas 1% de 3C. Uma diluição bastante comum é 30C. O problema é que, começando com uma solução 1mol/litro, ou 6,022x10²³ moléculas, assim que atingimos uma diluição de 12C, o número de moléculas por litro cai a 0,6 -- menos de uma! -- e continua a cair cada vez mais nas diluições subsequentes. É por isso que a campanha diz que "homeopatia é feita de nada" e que a "overdose" é segura (desde que o remédio usado tenha uma diluição superior a 12C e o manifestante não sofra de nenhum problema de saúde que possa ser agravado pela lacotse, é claro). Simplesmente, não há nada ali.

A reação de muita gente a esses fatos é dizer, "Ok, homeopatia não deveria funcionar, porque não contém nenhuma molécula ativa, mas o fato é que funciona. certo?". O objetivo da manifestação é desmistificar isso. Se funcionasse, as overdoses deveriam causar algum efeito. Mas não causam. O sucesso da homeopatia é um fenômeno cultural, não médico-biológico. O paciente reage à atenção especial dedicada pelo homeopata, ao ritual do tratamento, às expectativas positivas criadas, não à droga. Isso é medicina à moda antiga: como escreveu Voltaire no século XVIII -- e Voltaire morreu em 1779, mesmo ano em que Hahnemann inventou a homeopatia --, o papel do médico na época limitava-se a manter o doente confortável enquanto a natureza tratava de curá-lo. Em comparação com outras distrações médicas da época, como sangrias e purgantes à base de metais pesados, como mércúrio, a homeopatia causava surpreendentemente pouco dano. Com exceção de algumas intervenções cirúrgicas e umas poucas drogas realmente eficazes, essa função primordial da medicina só mudou, de fato, a partir da descoberta dos antibióticos, no século passado. No Brasil, onde os homeopatas também são médicos, a maioria é responsável o suficiente para notar quando o tratamento à moda século XVIII não é suficiente e a ciência moderna precisa intervir. Outras nações não têm a mesma sorte, e não são raros os relatos vindos da Europa, EUA, Ásia e da Oceania de "morte por homeopatia".


Funcionou comigo!


duvida razoavel Funcionou comigo!

Apesar de inúmeros estudos controlados em larga escala demonstrarem que tratamentos alternativos como homeopatia, acupuntura e afins não diferem de tratamentos com placebo, com pílulas com açúcar puro ou palitos de dente, os que têm fé em tais tratamentos sempre respondem como “funcionou comigo!“. E pode-se compreendê-los: em quem confiar, em estudos complicados realizados por vezes a milhares de quilômetros de distância com pessoas que você nunca viu, por pessoas que também não conhece, ou em sua própria experiência?

O quadrinho acima, do ótimo Pulga Snob de Andrés Diplotti, ilustra como confiar na própria experiência pode não ser a melhor resposta.


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sonhos lúcidos explicam experiência de quase morte

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd1701201102.htm

ENTREVISTA KEVIN NELSON

Sonhos lúcidos explicam experiência de quase morte

NEUROLOGISTA AMERICANO CONTA EM LIVRO O QUE FAZ O CÉREBRO CRIAR AS IMAGENS DE TÚNEIS DE LUZ E A VISÃO EXTRACORPÓREA

GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO

Túneis iluminados, espíritos e a sensação de que o corpo está levitando. As experiências de quem ficou entre a vida e a morte são o material de trabalho do neurologista Kevin Nelson. Para entender melhor o fenômeno, Nelson fez um estudo com 55 pessoas que relataram essas experiências e descobriu que, nelas, os limites entre os estágios da consciência são mais tênues. É o que ele relata em "The Spiritual Doorway in the Brain", livro lançado em dezembro nos EUA. O médico concedeu entrevista à Folha, por telefone.


Folha - Qual a explicação para o fenômeno da quase morte?
Kevin Nelson - Há no cérebro uma espécie de "interruptor" que alterna entre os estágios da consciência. Ao dormir, passamos pelos estágios de vigília, sono não REM e sono REM. Em algumas pessoas, a fronteira entre esses estágios não é tão marcada e, em momentos de crise, o estágio REM invade a vigília e causa os efeitos descritos nas experiências de quase morte.

Quais são esses momentos de crise?
Uma parada cardíaca, por exemplo. O "interruptor" que modula entre a vigília e o REM é uma parte essencial do sistema de reflexos do sistema nervoso. Quando o fluxo sanguíneo diminui no cérebro, acionamos esses reflexos, localizados numa área bastante primitiva do cérebro. É quando ocorrem as experiências de quase morte e nos movemos em direção às fronteiras entre a vigília e o REM. Em algumas pessoas, isso pode ficar misturado.

Essas experiência só ocorrem em situações extremas?
Sabemos que desmaios também podem desencadear a experiência de quase morte, pelos mesmos mecanismos: as pessoas se sentem em perigo e ocorre alteração da pressão sanguínea na cabeça. O fato fascinante é que um terço das pessoas desmaia em algum momento da vida, o que pode fazer dessas experiências algo mais comum do que se pensa.

Há algo diferente no cérebro das pessoas que têm essas sensações?
Em 2005, comecei a estudar pessoas com um histórico de quase morte. Depois de comparar 55 pacientes nessa situação com 55 outras pessoas que nunca passaram por isso, descobrimos que o primeiro grupo era mais suscetível a ter essa intromissão do sono REM na vigília.

Pessoas relatam luzes e a sensação de levitar. Por quê?
Se o fluxo sanguíneo está diminuindo na região da cabeça, diminui também nos olhos, deixando a visão borrada nas bordas e criando a impressão de que há um túnel com luzes. Já quanto às experiências extracorpóreas, sabe-se que ao "desligar" a região temporoparietal do cérebro, ligada à percepção espacial, podemos tirar a pessoa do seu corpo. Essa é a mesma área do cérebro que é "desligada" durante o REM.

E as alucinações?
Quando entramos no estágio REM, o cérebro ativa o mesmo mecanismo que produz os sonhos. Mas as alucinações da quase morte não são sonhos propriamente ditos, parecem mais sonhos lúcidos, porque ocorrem enquanto estamos conscientes.

Você já recebeu críticas por estudar cientificamente o que alguns julgam ser uma experiência espiritual?
Não estou interessado em saber por que o cérebro age de alguma forma ou por que esse "momento espiritual" ocorre, mas em como o cérebro trabalha. Se separamos o "por que" do "como", muito do conflito entre ciência e religião desaparece.

THE SPIRITUAL DOORWAY IN
THE BRAIN
Kevin Nelson
EDITORA Dutton
QUANTO US$ 16,77 (R$ 28,31), na Amazon (336 págs.)


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

World Builder

Este premiado curta foi criado pelo cineasta Bruce Branit, conhecido como o co-criador de '405'.
World Builder foi filmado em um único dia seguido por cerca de dois anos de pós-produção.

http://www.branitvfx.com/worldbuilder/index.html

World Builder from Gino Perrone on Vimeo.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

"Não acreditar em Deus é um atalho para a felicidade"

http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/nao-acreditar-em-deus-e-um-atalho-para-felicidade-diz-sam-harris


01/01/2011 - 00:44
Polêmica
"Não acreditar em Deus é um atalho para a felicidade"
Em novo livro, o filósofo e neurocientista americano Sam Harris propõe a criação de uma 'ciência da moralidade' para acabar de uma vez por todas com a influência da religião

Marco Túlio Pires

"A tolerância à intolerância nada mais é do que covardia"

"Na ciência não existem dogmas. Qualquer afirmação pode ser contestada de maneira sensata e honesta"

"O Papa é culpável pelo escândalo do estupro infantil dentro da Igreja Católica"

—Sam Harris

Quando o filósofo americano Sam Harris soube que o atentado ao World Trade Center em Nova York (Estados Unidos), no dia 11 de setembro de 2001, teve motivações religiosas, a briga passou a ser pessoal. Harris publicou em 2004 o livro A Morte da Fé (Companhia das Letras) — uma brutal investida contra as religiões, segundo ele, responsáveis pelo sofrimento desnecessário de milhões. Para Harris, os únicos anjos que deveríamos invocar são a ‘razão’, a ‘honestidade’ e o ‘amor’.

Divulgação

"A Ciência é capaz de dizer o que é certo e o que é errado", diz Sam Harris

"A Ciência é capaz de dizer o que é certo e o que é errado", diz Sam Harris

Ao entrar de cabeça em um assunto tão delicado, o filósofo de 43 anos conquistou uma legião de inimigos e deu início a uma espécie de combate literário. Em resposta à repercussão de seu primeiro livro, que levou à publicação de livros-resposta sob as perspectivas muçulmana, católica e outras, os ataques de Harris à fé religiosa continuaram em 2006, com o lançamento do livro Carta a Uma Nação Cristã (Companhia das Letras).

Criado em um lar secular, que nunca discutiu a existência de Deus e nunca criticou outras religiões, Harris recebeu o título de Doutor em Neurociência em 2009 pela Universidade da Califórnia (Estados Unidos). A pesquisa de doutorado serviu como base para seu terceiro livro, lançado em outubro de 2010: The Moral Landscape (sem edição brasileira). Nele, Harris conquista novos inimigos, dessa vez cientistas.

Agora, Harris tenta utilizar a razão e a investigação científica para resolver problemas morais, sugerindo a criação do que ele chama de "ciência da moralidade". Ele afirma que o bem-estar humano está relacionado a estados mentais mensuráveis pela neurociência e, por isso, seria possível investigar a felicidade humana sob essa ótica — algo com que a maioria dos cientistas está longe de concordar.

A ciência da moralidade substituiria a religião no papel de dizer o que é bom ou mau. Esse ‘novo ateísmo’ rendeu a Harris e outros três autores proeminentes — Daniel Dennet, Richard Dawkins e Christopher Hitchens — o título de 'Cavaleiros do Apocalipse'.

Em entrevista ao site de VEJA, Harris explica os pontos mais sensíveis de sua argumentação, e afirma que descrer de Deus é um atalho para a felicidade.

Por que a moralidade e as definições do bem e do mal não deveriam ser deixadas para a religião? O problema com relação à Religião é que ela dissocia as questões do bem e do mal da questão do bem-estar. Por isso, a religião ignora o sofrimento em certas situações, e em outras chega a incentivá-lo. Deixe-me dar um exemplo. Ao se opor aos métodos contraceptivos, a doutrina da Igreja Católica causa sofrimento. É coerente com seus dogmas, embora eles levem crianças a nascerem na pobreza extrema e pessoas a serem infectadas pela aids, por fazerem sexo sem camisinha. Através das eras, os dogmas contribuíram para a miséria humana de maneira tremenda e desnecessária.

Nem toda moralidade é baseada em religião. Existe uma longa tradição de pensamento moral secular por meio da filosofia. O que há de errado com essa tradição? Não há nada de errado com ela a não ser o fato de que a maior parte das discussões filosóficas seculares são confusas e irrelevantes para as questões importantes na vida humana. Deveria ser consenso o apreço ao bem-estar humano. Se alguma coisa é má, é porque ela causa um grande e desnecessário sofrimento ou impede a felicidade das pessoas. Se alguma coisa é boa, é porque ela faz o contrário. Mas existem filósofos seculares batendo cabeça em debates entediantes, dizendo que não podemos falar de verdade moral. Segundo eles, cada cultura deve ser livre para inventar seus ideais morais sem ser perturbado por outros. Isso é loucura. Hoje reconhecemos que a escravidão, que era praticada por muitas culturas, era fonte de sofrimento. Nesse caso, deixamos para trás o relativismo. Por que não podemos fazer o mesmo em outros casos?

Você parece sugerir que a tolerância a outros credos não é uma virtude, como a maioria pensa. Por quê? É um posicionamento inicial muito bom. A tolerância é a inclinação para evitar conflito com outras pessoas. É como queremos que a maioria se comporte a maior parte do tempo quando se depara com diferenças culturais. Mas quando as diferenças se tornam extremas e a disparidade na sabedoria moral se torna incrivelmente óbvia, então, a tolerância não é mais uma opção. A tolerância à intolerância nada mais é do que covardia. Não podemos tolerar uma jihad global. A ideia de que se pode chegar ao paraíso explodindo pessoas inocentes não é um arranjo tolerável. Temos que combater essas coisas por meio da intolerância às pessoas que estão comprometidas com essa ideologia. Não acredito que seria possível sentar à mesa com, por exemplo, Osama Bin Laden e convencê-lo que a forma como ele enxerga o mundo é errada.

Por que a ciência deveria ditar o que é certo e o que é errado? Temos que reconhecer que as questões morais possuem respostas corretas. Se o bem-estar humano surge a partir de certas causas, inclusive neurológicas, quer dizer que existem formas certas e erradas para procurar a felicidade e evitar a infelicidade. E se as respostas corretas existem, elas podem ser investigadas pela ciência. Chamo de ciência o nosso melhor esforço em fazer afirmativas honestas sobre a natureza do mundo, tendo como base a razão e as evidências.

O que é a ciência da moralidade e o que ela quer conquistar? É a ciência da mente humana e das variáveis que afetam a nossa experiência do mundo para o bem ou para o mal. Ela pretende discutir, por exemplo, o que acontece com mulheres e garotas que são forçadas a utilizarem a burca [vestimenta muçulmana que cobre todo o corpo da mulher]. São efeitos neurológicos, psicológicos, sociológicos que afetam o bem-estar dos seres humanos. Com a burca, sabemos que é ruim para as mulheres e para a sociedade. Se metade de uma sociedade é forçada a ser analfabeta e economicamente improdutiva, mas ter quantos filhos conseguir, fica óbvio que essa é uma estratégia ruim para construir uma população que prospera. O objetivo é entender o bem-estar humano. Assim como queremos fazer convergir os princípios do conhecimento, queremos que as pessoas sejam racionais, que avaliem as evidências, que sejam intelectualmente honestas e que não sejam guiadas por ilusões. A Ciência da Moralidade pretende aumentar as possibilidades da felicidade humana.

O senhor afirma que há um muro dividindo a ciência e a moralidade. No que ele consiste? Existem razões boas e ruins para a existência desse muro. A boa é que os cientistas reconhecem que os elementos relevantes ao bem-estar humano são extremamente complicados. Sabemos muito pouco sobre o cérebro, por exemplo, para entender todos os aspectos da mente humana. A ciência espera um dia responder essas questões e isso é muito bom. A razão ruim é que muitos cientistas foram confundidos pela filosofia a pensar que a ciência é um espaço sem valores. E a moralidade está, por definição, na seara dos valores. Esse muro não será destruído enquanto não admitirmos que a moralidade está relacionada à experiência humana, que por sua vez está relacionada com o cérebro e com a forma pela qual o universo se apresenta. Ou seja, por elementos que podem ser investigados pela ciência.

Quais avanços científicos lhe fazem pensar que, agora, a moralidade pode ser tratada a partir do ponto de vista do laboratório? Temos condição de dizer quando uma pessoa está olhando para um rosto, ou uma casa, ou um animal, ou quais palavras ela está pensando dentro de uma lista. Esse nível cru de diferenciação de estados mentais está definitivamente ao alcance da ciência. Sabemos quando uma pessoa está sentindo medo ou amor. Por causa disso podemos, em princípio, pegar uma pessoa que diz não ser racista, colocá-la em um medidor e verificar se ela está falando a verdade. Não apenas isso, podemos descobrir se ela está mentindo para si mesma ou para as outras pessoas. A tecnologia já chegou a esse nível, mas não conseguimos ler a mente das pessoas com detalhes. É possível que futuramente possamos descobrir coisas sobre a nossa subjetividade de que não temos consciência, utilizando experimentos científicos. E isso tudo se relaciona ao bem-estar humano e o modo como as pessoas ficam felizes e como poderemos viver juntos para maximizar a possibilidade de ter vidas que valham a pena.

Por que deveríamos confiar a educação dos nossos filhos aos valores científicos? Os cientistas não se transformariam, com o tempo, em algo como padres, mas com uma ‘batina’ diferente? Cientistas não são padres. Os médicos, por exemplo, agem sob o pensamento da medicina, que, como fonte de autoridade, não se tornou arrogante ou limitou a liberdade das pessoas de maneira assustadora. É uma disciplina que está concentrada em entender a vida humana e minimizar o sofrimento físico. Seu médico nunca vai até você ‘pregar’ sobre os preceitos da ciência, você vai até ele quando precisa. Pais que se deixam guiar por dogmas religiosos não dão remédios aos filhos e os deixam morrer. Na ciência não existem dogmas. Qualquer afirmação pode ser contestada de maneira sensata e honesta.

O que dizer dos experimentos neurológicos que sugerem que a crença religiosa está embutida nos nossos cérebros? Não acho que a crença religiosa esteja embutida no cérebro humano. Mas digamos que esteja. Façamos um paralelo com a bruxaria. Pode ser que a crença em bruxaria estivesse embutida em nossos cérebros. A bruxaria matou muitos seres humanos, assim como a religião. Todas as culturas tradicionais acreditaram em algum momento em bruxas e no poder de magia e, na verdade, a crença na reza possui um conceito semelhante. Algumas pessoas dizem que sempre acreditaremos em bruxas, que a saúde humana será afetada pela 'magia' de vizinhos. Na África, muitas pessoas realmente acreditam em bruxaria e isso é terrível porque causa sofrimento desnecessário. Quando não se entende porque as pessoas ficam doentes, ou porque as crianças morrem antes dos três anos, você está num estado de ignorância que a crença em bruxaria está suprindo uma necessidade de maneira nociva. Superamos isso no mundo desenvolvido por causa do avanço da Ciência. Sabemos como a agricultura é afetada, por exemplo. Entendemos os fenômenos meteorológicos e a biologia das plantas. Não é algo que a religião resolve, e sim a ciência. Mas costumava ser assim. A crença na regência de um deus sobre a lavoura era universal.

As pessoas deveriam parar de acreditar em Deus? Se eu acho que as pessoas deveriam parar de acreditar no Deus da Bíblia? Com certeza. Da mesma forma que as pessoas pararam de acreditar em Zeus, em Thor e milhares de deuses mortos. O Deus da Bíblia tem exatamente o mesmo status desses deuses mortos. É um acidente histórico estarmos falando dele e não de Zeus. Poderíamos estar vivendo num mundo onde os suicidas muçulmanos se explodiriam por causa de ideias dos deuses do Monte Olimpo. A diferença entre xiitas e sunitas muçulmanos é a mesma diferença entre seguidores de Apolo e seguidores de Dionísio.

O senhor sempre foi ateu? Nunca me considerei um ateu, nem mesmo ao escrever meu primeiro livro. Todos somos ateus em relação a Zeus e Thor. Eu era um ateu em relação a eles e ao deus de Abraão. Mas nunca me considerei um ateu, como a maioria das pessoas não se considera pagã em relação aos deuses do Monte Olimpo. Foi no 11 de setembro de 2001, dia do atentado ao World Trade Center em Nova York, que senti que criticar a religião publicamente havia se tornado uma necessidade moral e intelectual. Antes disso eu era apenas um descrente. Eu nunca havia lido livros ateus, ou tivera qualquer conexão com a comunidade ateísta. O ateísmo não é um conceito que considere interessante ou útil. Temos que falar sobre razão, evidências, verdade, honestidade intelectual — todas essas coisas são virtudes que nos deram a ciência e todo tipo de comportamento pacífico e cooperativo. Não é preciso dizer que você é contra algo para advogar em favor da honestidade intelectual. Foi justamente isso que destruiu os dogmas religiosos.

O senhor cresceu em um ambiente religioso? Cresci em um ambiente completamente secular, mas não havia crítica às religiões ou discussões sobre ateísmo, existência de Deus etc. Quando era adolescente, fiquei muito interessado em religiões e experiências religiosas. Coisas como meditação, por exemplo. Aos vinte, comecei a estudar espiritualidade e misticismo. Ainda me interesso por essas coisas, mas acho que, para experimentar, não precisamos acreditar em nada que não possua evidencias suficientes.

Como o senhor se sente em ser rotulado como um dos ‘Quatro Cavaleiros do Apocalipse’? Estou muito feliz com a companhia! É uma honra. A associação não me desagrada de forma alguma. Acho que os quatro lucraram por terem sido reunidos e tratados como uma pessoa de quatro cabeças. Em alguns momentos é um desserviço porque nossos argumentos não são exatamente os mesmos e não acreditamos nas mesmas coisas em todos os pontos. Mas tem sido útil sob o ponto de vista das publicações e admiro muito os outros cavaleiros — os considero mentores e amigos. A parte do apocalipse tem um efeito cômico.

Se o senhor tivesse a chance de se encontrar com o Papa para um longo e honesto bate-papo, qual seria sua primeira pergunta? Gostaria de falar imediatamente sobre o escândalo do estupro infantil dentro da Igreja Católica. Acho que o Papa é culpável por tudo que aconteceu. A evidência nesse momento sugere que ele estava entre as pessoas que conseguiram fazer prolongar o sofrimento de crianças por muitos anos. Acho que ele trabalhou ativamente para proteger a Igreja do constrangimento e no processo conseguiu garantir que os estupradores tivessem acesso às crianças por décadas além do que deveria ter sido. O Papa deveria ser diretamente desafiado por causa disso. Contudo, é algo que seu status como líder religioso impede que aconteça. Ele nunca seria protegido dessa forma se ele estivesse em qualquer outra posição na sociedade. Imagine o que aconteceria se descobrissem que o reitor da Universidade de Harvard [uma das universidades americanas mais respeitadas do mundo] tivesse permitido que empregados da universidade estuprassem crianças por décadas e ele tivesse mudado essas pessoas de departamento para protegê-las da justiça secular? Ele estaria na cadeia agora. E isso é impensável quando se fala do Papa. Isso acontece por que nos ensinaram a tratar a religião com deferência.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A Night in Heaven

Abaixo tem o link inteiro do filme, mas o que é particularmente interessante são os 7 minutos iniciais.

Seguidores