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segunda-feira, 14 de junho de 2010

“A Economia Capitalista como ela é…”

Fonte: Brasil Autogestionário
by luciouberdan on 22/05/2010 · in Capitalismo, Paulo Marques

Não é necessária a leitura de Marx e Engels para saber como funciona a lógica da economia capitalista, basta acompanhar as notícias da imprensa sobre “encerramento de produção” de empresas privadas para compreender o que significa para os trabalhadores o modo de produção predominante na sociedade.

O Capitalismo apresenta várias faces, por vezes ele mostra a verdadeira.

Por Paulo Marques.

A questão é simples, a Economia Capitalista visa o lucro do proprietário dos meios de produção que através da exploração dos trabalhadores extrai a mais-valia que compõe o objetivo do seu negócio. Nessa lógica a força de trabalho é convertida em uma mercadoria, e o trabalho alienado e explorado o resultado concreto para o trabalhador, portanto, o trabalhador não é nada mais que um fator de produção, um número, um dado se queremos ser mais explícitos. Quando uma empresa fecha suas portas não está fazendo nada mais do que resolvendo um problema contábil da empresa, ainda mais quando esse empreendimento tem acionistas que necessitam de resultados.

Encontramos um exemplo muito pedagógico hoje no jornal Zero Hora de Porto Alegre, com a notícia de que “ Fábrica de calçados dispensa mais de 400 no RS” : Segundo a descrição do fato” Antes de completar o terceiro ano de atividades em Bom Princípio, no Vale do Caí, a Paquetá Calçados anunciou o encerramento de sua produção”.

Já se tornou lugar comum considerar como uma panaceia em muitos municípios a instalação de grandes empresas privadas. O empreendimento é saudado como a “redenção do município”, o “caminho do desenvolvimento”, a única forma de gerar emprego, trazer o futuro à comunidade, mais recursos para o município. Alguns municípios são até mesmo conhecidos pelas empresas que lá aportam ainda mais quando representam marcas consolidadas no mercado. O poder Local concede áreas públicas, isenção de impostos, tudo que o capitalismo sempre precisou do Estado para o seu funcionamento, até porque ele, o capitalista, está “ajudando” o município a crescer e superar o atraso.

E quando essa promessa de redenção naufraga? A consequência é obvia, desemprego em massa e a explicação simples pois baseada na racionalidade capitalista, conforme descreve a jornalista em relação ao fato: “ O fechamento da quinta unidade da companhia no Estado, com cerca de 430 funcionários, teria sido causado por dificuldades de contratar funcionários com residência fixa em Bom Princípio, forçando a empresa a buscar mais de 80% de seus colaboradores fora do município”.

Portanto, para a empresa os culpados são os trabalhadores do município que não são qualificados, assim como o próprio município que não tem “mão de obra” que a empresa necessita. A busca de trabalhadores de fora aumenta os “custos” de produção, diminuindo os lucros e, portanto, tornando o empreendimento antes “redentor” como inviável economicamente para seus acionistas, conforme palavras do diretor da unidade Jorge Strassburger. O prefeito do município foi comunicado da decisão por fax.

Segundo a matéria, a empresa que fecha representava 20,43% do faturamento da indústria e comércio no município. O impacto da decisão têm resultados bem distintos para os atores envolvidos, enquanto para a empresa o problema se resolve rapidamente, para o município e os trabalhadores restam os prejuízos, ou seja, o desemprego e a queda da arrecadação.

A empresa informa que para “ amenizar o impacto” para o município e para parte dos funcionários que serão dispensados as demissões serão feitas “gradualmente” até o dia 31, e a empresa Paquetá deverá manter uma estrutura de cerca de 50 pessoas na modelagem. Outra parte deverá ser realocada na unidade de São José do Hortêncio, município vizinho. Tudo resolvido, esperamos a chegado do próximo “redentor do capital”.

A pergunta que fazemos é: Existe outra alternativa para o município gerar trabalho renda e desenvolvimento que não seja como refém de empresas privadas e interesses capitalista exógenos?? Seria possível um desenvolvimento endógeno, ou seja, viabilizado a partir de empreendimentos autogestionários locais, gestionados por trabalhadores do prórpio município?

Ousamos afirmar que sim. Que existe uma alternativa, que não foi criada por nenhum teórico, mas surge da auto-organização dos próprios trabalhadores que é o que chamamos Economia dos trabalhadores, ou como o movimento social que surge dessas iniciativas a denomina Economia Solidária . Essa outra economia, é uma das alternativas concretas que emerge em todo pais a partir da crise de desemprego da década de 90 que, a partir de inúmeras experiências, têm comprovado que outro desenvolvimento local é possível.

Entretanto, assim como qualquer empreendimento capitalista, também requer apoio e fomento do poder público, pois não é uma alternativa que surge do espontaneísmo, é necessário que um conjunto de atores sociais estejam envolvidos, tanto os trabalhadores, os sindicatos e governos locais, que garantam a infra-estrutura necessária para viabilizar empresas autogestionárias, controladas pelos próprios trabalhadores.

As inúmeras experiências de recuperação de empresas fechadas a partir da autogestão demonstram a viabilidade dessa alternativa. Todas as experiências que tiveram êxito contaram com a mobilização do sindicato de trabalhadores, de entidades de apoio à Economia Solidária e poderes públicos. Nessas experiências os trabalhadores deixam de ser apenas “mãos-de-obra” e passam a ser produtores associados, construindo uma outra lógica de trabalho e produção. Entretanto essa alternativa se viabiliza como projeto de desenvolvimento local quando articula outras ações no campo da outra economia como a comercialização no mercado interno local e regional, estruturas autogestionárias de financiamento l como bancos comunitários e até mesmo moedas sociais.

Em suma, são elementos do que chamamos de construção de uma “Economia dos Trabalhadores” que é uma prática e uma proposta de democracia econômica, antagônica à “Economia dos Capitalistas” para quem excluir da atividade econômica 400 trabalhadores não passa de um “ajuste contábil”.

2 comentários:

Klaus disse...

Nossa, muito legais tuas idéias!
Fiquei feliz de ter conseguido imaginar o que tu explicou como "Economia do trabalhadores".
Um futuro melhor é possível. Basta a gente NÃO por tudo nas mãos de Deus e ao invés disso "fazer e acontecer" pela vida.

Olavo Ludwig disse...

Valeu pelo comentário Klaus, as ideias também são minhas, mas o texto não é meu, todos os créditos ao Paulo Marques pelo excelente texto explicando o assunto!

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